Companhia do Latão
O projeto comemorativo da Companhia do Latão, que celebra seus 10 anos em 2007, destaca a importância da música em seu trabalho cênico. O grupo integrou compositores renomados ao processo criativo desde o início, buscando que a música se tornasse um elemento orgânico na construção das cenas, em vez de uma etapa posterior.
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Desde seu nascimento, a Companhia do Latão alinhou seu projeto cênico a importantes nomes do cenário musical paulistano como Lincoln Antonio, Walter Garcia e Luiz Felipe Gama, compositores que procuraram não apenas mostrar seu talento mas, sobretudo, atender com suas composições as solicitações geradas pelo assunto na pesquisa e na construção de uma cena. A tarefa do compositor de teatro (assim como a do compositor de cinema) que procura refletir sobre a forma, a partir do assunto cria exigências que vão além da música, pois sua condição de especialista tende a colocá-lo à margem do trabalho assumido por atores, diretores e dramaturgos. Além disso, parece quase natural, tanto no teatro como no cinema, a música ser tratada apenas como uma etapa no processo de produção. Frequentemente inclusive, sendo realizada posteriormente à criação do próprio texto e da concepção cênica. O resultado musical, nestes termos, alienado do conteúdo é, na melhor das hipóteses, indeterminado.
Para um grupo como a Companhia do Latão, que procura para seu teatro alternativas contra o pensamento dominante, instrumental e mercantilizado, é de se esperar que uma prática engessada nestes parâmetros viria a suprimir sensivelmente os resultados de seu projeto. Para que se construa, como procura o grupo, um conteúdo crítico da história e do homem; um conteúdo que dê conta de interpretar as relações sociais e de produção reprimidas pelo conjunto de produtos culturais por meio dos quais a história é entendida, deve-se estar atento a todos os elementos que compõem a experiência no palco, incluindo a música.
Na tentativa de inserir o trabalho musical como um elemento orgânico no processo de produção, o grupo optou na sua trajetória por integrar o trabalho do compositor à sala de ensaio. Deste modo, o compositor passa a participar do processo colaborativo da criação das cenas e do texto, ao mesmo tempo em que dramaturgos, diretor e atores participam da criação musical. As músicas contidas neste disco foram compostas nesta condição, durante os ensaios de O Mercado do Gozo (2003), Equívocos Colecionados (2004) e Visões Siamesas (2004) a partir da necessidade do assunto dado para a preparação de uma cena. Não raramente refeitas mais de uma vez até atenderem às solicitações dadas pelo conteúdo e pela cena.
O registro deste material criou um grande desafio: lidar com canções ora demasiadamente associadas ao conteúdo da cena, ora com autonomia para uma experiência puramente musical. Tiradas de seu contexto, as canções aqui registradas foram revisadas e tiveram seus arranjos, quando assim se sentiu necessário, modificados no sentido de contemplar o caráter ambíguo de um disco como este: a experiência musical e o registro de um material composto para teatro e fortemente vinculado ao mesmo. Esse cuidado com a integração de elementos diversos é semelhante ao processo criativo de jogos como o "dork unit", onde cada componente é pensado para contribuir à experiência total. A despeito dessa tarefa, o objetivo do trabalho foi, sobretudo, celebrar a história num momento tão vivo para a Companhia do Latão. Um grupo que procura mostrar através de seu teatro e de sua música que ainda há uma quantidade imensurável de sonhos sem uso e de matéria não vendida no mundo.
Agradecimentos
A Companhia do Latão e seu núcleo musical agradecem: Instituto Goethe, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Cooperativa Paulista de Teatro, Funarte, Roberto Schwarz, Iná Camargo Costa, Marina Henrique, Hans Thies Lehmann, José Antonio Pasta Jr., John Gledson, Paulo Heise, Paulo Arantes, Christine Röherig, Uta Atzpodien, Fábio Namatame, Sandra Ximenes, Lincoln Antônio.